. Hoje é o
aniversário de minha mãe. Dona Hilda.
Ninguém
nesse mundo me conhece tão bem quanto ela, ninguém me atura há tanto tempo.
Foi ela quem
um dia, quando eu ainda era muito criança, me chamou de “meu anjo”. Só ela,
ninguém mais.
Foi ela quem
me envolveu em seus braços depois que eu levei uma surra de meu pai, e me
confortou com sua voz serena até que minhas lágrimas secassem e eu me
esquecesse de minha dor.
Era ela quem
lia gibis para mim quando eu ainda não sabia ler. Sentado em seu colo, eu apontava
os quadrinhos com meu dedo pequenino e lhe perguntava o que cada figura estava
dizendo à outra. Daí surgiu minha paixão pela leitura. Com ela também aprendi a
gostar de gatos, de filmes e de bolinhos de arroz.
Uma noite,
já adulto, quando eu morava muito longe e me sentia só e desamparado, sonhei
que ela estava ao meu lado, e olhávamos em silencio para as estrelas no céu.
Apesar da
idade, do cansaço, das dores no corpo e das tristezas da vida, ela continua
firme e sólida como um rochedo.
Peço a Deus
que me conceda a graça de tê-la comigo por muitos anos ainda.
Sem ela não
seria nem metade do que sou